Desenvolver a agricultura familiar em
Roraima é considerado uma das alternativas para aumentar a produção agrícola do
estado.
Para que isso aconteça, a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa - vem apostando na utilização de
modelos de exploração agrícola sustentáveis, como os Sistemas Agroflorestal
(SAF's), que permitam aos produtores familiares diversificarem a produção e
recuperarem áreas degradadas.
A Unidade da Embrapa em Roraima
visualizou nos SAF's a alternativa para tirar agricultores do município de
Caroebe (338 km de Boa Vista, capital do estado), do monocultivo da banana.
Isso porque os produtores do pequeno município roraimense de 4.500 habitantes
enfrentaram, em 2008, um grave problema com o ácaro vermelho. A praga
inviabilizou a venda do principal produto da região ao seu maior mercado
consumidor: o estado do Amazonas.
Seu José Wilson, produtor local, lembra
bem da situação difícil que enfrentou. "A gente vendia a banana para a
cooperativa ou para atravessadores, que mandavam para Manaus (AM). Com o
problema do ácaro, eles não queriam comprar mais da gente, com medo da praga se
espalhar por lá também. As bananas estragaram e perdemos praticamente toda a
safra", conta.
Em 2010, a Embrapa e o Sebrae
iniciaram um projeto de Sistemas Agroflorestais na região, atendendo
cerca de 20 produtores de banana. A demanda veio da Cooperativa de
Agricultores e Agricultoras Familiares do Caroebe (COOPARFAC), que entrou em
contato com o Sebrae na tentativa de viabilizar uma solução para o problema do
ácaro.
Como a Embrapa Roraima trabalhava com os Sistemas Agroflorestais em área
experimental, O Sebrae convidou a Unidade para dar suporte técnico-cientifico a
diversificação de culturas. A partir de então, iniciaram-se os trabalhos de
aproximação e diagnóstico para instalação dos SAF's.
No ano de 2011, foram realizados os
primeiros plantios. Nas áreas de bananais antigos foi feita a limpeza e
raleamento do bananal, que consiste em retirar as plantas em excesso, deixando
o espaçamento ideal para o desenvolvimento das demais. Para o plantio das
espécies perenes, os agricultores escolheram trabalhar com o cacau, cupuaçu e
açaí. Em relação às espécies florestais, foram escolhidas a castanha-do-brasil
e andiroba, além das leguminosas gliricídia e ingá.
Nas áreas de pasto degradado, a
implantação foi iniciada com o plantio das espécies anuais (feijão-caupi,
melancia e mandioca), seguidas da banana. Nas áreas de capoeira (estágio médio
de regeneração) foram plantadas espécies perenes e florestais. Com isso, os
agricultores familiares passaram a ter outras fontes de renda, além da banana.
Segundo o analista de transferência
de tecnologia da Embrapa, Alcides Galvão, o diferencial do projeto foi a
realização, junto aos agricultores, de reuniões de conscientização, mostrando
as vantagens e desvantagens do sistema. "O importante era saber o que os
agricultores achavam da ideia de mudar a forma de produzir, tirando as dúvidas
iniciais sobre a nova tecnologia", explica.
Hoje, boa parte dos agricultores do
Caroebe saíram da monocultura da banana para investir no consórcio de culturas
complementares. A banana ainda é o carro-chefe da região, mas sem o perigo de
perder toda a produção de uma só vez. Seu José Wilson, por exemplo, já está
colhendo cupuaçu, café e cacau e, para ele, os resultados foram mais que
satisfatórios.
"O SAF facilitou muito a minha
vida. Eu faço um serviço só, cuidando de uma variedade de coisas, e já estou
querendo aumentar os cultivos. Posso dizer que hoje tenho muito mais do que há
três anos, principalmente a tranquilidade de saber que posso tirar meu sustento
mesmo se acontecer algo com a banana de novo", completa.
Transferindo o conhecimento
O resultado da iniciativa em Caroebe
foi tão positivo que despertou o interesse de outros produtores da Região Sul
de Roraima. Em 2013, foi iniciado outro projeto de SAF's no município de
Rorainópolis (308km de Boa Vista), atendendo 30 famílias, no mesmo modelo
adotado em Caroebe. Em 2014, o projeto de Rorainópolis ganhou o apoio de mais
instituições, que continuam acreditaram nesse modelo como alternativa para
aumentar a competividade da agricultura familiar em Roraima.
Clarice
Rocha (MTb 4733/PE)
Embrapa
Roraima
roraima.imprensa@embrapa.br
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Serviço de
Atendimento ao Cidadão (SAC)
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