Pierre Santos Vilela
- Hoje em Dia
A
agricultura brasileira se desenvolveu inicialmente em ciclos econômicos.
Do descobrimento até
a primeira metade do século XX, eram baseados na monocultura ou extrativismo,
primeiramente com pau brasil e seguindo com cana (açúcar), borracha, tabaco,
pecuária (couro) e café.
Nos anos 1950, uma
onda de modernização - apoiada pela genética, insumos químicos e mecanização -
conhecida como Revolução Verde -, surge dos esforços em pesquisa e extensão
para a recuperação da capacidade produtiva do Hemisfério Norte no pós-segunda
guerra.
Essas tecnologias
foram disseminadas e chegaram ao Brasil na década de 1960.
Desse momento em
diante, a agricultura brasileira prosperou com base em ciclos tecnológicos,
impulsionados pela criação dos sistemas brasileiros de pesquisa agropecuária,
capitaneado pela Embrapa, e de extensão rural.
Tais avanços
permitiram a diversificação da produção e a expansão da área agrícola,
inclusive sobre o Cerrado, antes considerado inaproveitável. Posteriormente,
significativos ganhos em produtividade conferiram ao país a posição de um dos
principais produtores de alimentos do mundo e a abriram a possibilidade de
preservar cerca de 60% de seu território com florestas nativas.
O salto populacional
foi proporcional aos ganhos de capacidade produtiva agrícola aqui e mundo afora
ao longo dos anos.
Em 1950, a população
mundial girava em torno de 2,5 bilhões de pessoas, chegando a 7 bilhões em
2011. Ou seja, a tecnologia agrícola permitiu, dentre outros avanços, como a
medicina, o crescimento de 180% da população mundial em apenas 60 anos.
Tanta gente no mundo
em tão pouco tempo passou a gerar crescentes desequilíbrios e a preocupação com
o futuro se tornou premente. Devemos, então, ser sustentáveis, para podermos
ter futuro.
Disseminou-se o
famoso tripé: ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente
viável.
No Brasil, os
agricultores são constantemente surpreendidos por novas legislações, normas e
regulamentos, destacadamente nos campos ambiental e trabalhista.
Mudanças que trazem
mais e mais obrigações, a despeito da capacidade dos agricultores em cumprir,
de seu alcance - vez ou outra, duvidoso - ou mesmo de sua factibilidade.
Agricultores, por
exemplo, submetidos à seca ou excesso de chuvas, em determinado momento, terão
perdas de produtividade e - sem o seguro - de rentabilidade.
Terão seu patamar de
sustentabilidade modificado por um fator natural ou do ambiente, que refletirá
no econômico.
Temos de ser
sustentáveis, mas haverá sempre o rigor das leis para proteger o ambiente e a
sociedade, enquanto o agricultor fica à mercê do mercado e da fragilidade da
política agrícola.
O que talvez falte
aos que apregoam a sustentabilidade é compreender, assim como a economia,
sociedade e ambiente praticam, o conceito de entropia.
Se temos ambiente,
sociedade e economia dinâmicos, não podemos imaginar a sustentabilidade como
algo alcançável, mas sim almejável
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