Estilista Melk Zda se junta com artesãs do grupo Mulheres de
Argila para criar e produzir acessórios e peças de decoração com resíduos de
jeans do polo têxtil pernambucano
Sobre a empresa
Localização: Caruaru - Pernambuco
Localização: Caruaru - Pernambuco
Vanessa Brito
Doze milhões de metros de ourelas de jeans descartados por mês
pelo polo têxtil da região do agreste pernambucano, integrado por 18
municípios.
Peças feitas com residuos de jeans
Um grupo de artesãs disposto a produzir
alguma coisa com o material, que vai parar nos lixões ou é incinerado em fornos
e lavanderias. Um estilista, que aposta na sustentabilidade e cria coleção de
acessórios e peças de decoração para solucionar a questão socioambiental da
região.
Isso está ocorrendo, desde o ano
passado em Alto do Moura, localidade a 7 km do centro de Caruaru, famosa por
ser o maior centro de arte em barro das Américas, fundada pelo Mestre Vitalino.
O estilista Melk Zda, de Recife, é
protagonista dessa iniciativa junto com o grupo de 16 artesãs da Associação de
Artesãos em Barro e Moradores de Alto do Moura (Abmam), que se autodenominou
Mulheres de Argila. Almofadas, tapetes, luminárias, jogos de cama e mesa, entre
outras peças, compõem a primeira coleção chamada Sá Valdivina, em homenagem à
bonequeira, que também fazia potes de barro e teria 117 anos, se fosse viva.
A matéria-prima dos produtos são os
resíduos de jeans do polo têxtil pernambucano. A próxima coleção vai homenagear
outra artesã de Alto do Moura: Dona Celestina, que ainda produz brinquedos de
barro.
Essas ações pertencem ao Projeto de
Artesanato do Agreste do Sebrae em Pernambuco. “Trabalhar com sustentabilidade
é um trabalho abençoado. Saber que estamos contribuindo com o meio ambiente e
outras mulheres faz a gente se engrandecer como ser humano”, afirma Josy
Santos, presidente do grupo Mulheres de Argila.
“É maravilhoso pegar um produto já
existente e fazer outro, a partir dele. A coleção teve muito boa aceitação”,
comemora Melk Zda. Ele também desenvolveu o tear para tecer as tramas feitas de
ourelas de jeans, simples e feito de isopor. O estilista informa que, no
momento, as artesãs estão preparando a segunda fase da coleção Sá Valdivina,
constituída por bolsas, mochilas e carteiras.
As peças são comercializadas no show
room da Abmam e em feiras de negócios, das quais as Mulheres de Argila
participam com apoio do Sebrae PE. “A moda tem que solucionar seus resíduos”,
defende o estilista.
“Para cada metro de tecido para se
fazer uma peça jeans, sobram dois metros de ourela, que viram lixo no polo
têxtil”, resume ele. Quando recebeu o convite para participar do desafio, Melk
Zda confessa que estranhou, pois a tradição de Alto do Moura são as peças em
barro.
“Mas as artesãs queriam outra
matéria-prima para desenvolver novos produtos. Os resíduos de jeans não eram
aproveitados e elas também queriam resolver o problema local”, diz ele. “O que
estamos fazendo pode ser modelo para o mundo. Temos de diminuir o desperdício.
A Lei de Lavoisier nunca foi tão certa:
nada se perde, tudo se transforma”, diz Josy.
“O projeto de artesanato mexe com a
autoestima de Alto do Moura. A coleção Sá Valdivina conquistou o coração das
pessoas desse lugar”, conta Maria Marisete da Silva, gestora do projeto de
artesanato do Sebrae em Caruaru. -
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