quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Agronegócio tende a ser cada vez mais complexo, diz presidente da Embrapa

Maurício Lopes defendeu conhecimento, tecnologia e cooperação para a sustentabilidade na agropecuária

POR RAPHAEL SALOMÃO, DE SÃO PAULO
O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, disse  que o agronegócio tende a ser cada vez mais complexo e desafiador. Ele fez uma apresentação durante a cerimônia de entrega do Prêmio Fazenda Sustentável, promovido pela revista Globo Rural para reconhecer as boas práticas na agropecuária brasileira.
“Não podemos deitar em berço esplêndido. Desafios substanciais estão no radar e teremos que ser inteligentes para lidar com isso”, disse Lopes, mencionando entre esses desafios, as mudanças climáticas e a necessidade de promover a agricultura de baixo carbono. “O futuro é insumo crítico e vai recompensar quem estiver disposto a aprender.”
Lopes destacou que o tema da sustentabilidade entrou na agenda da sociedade de forma definitiva, mas que, no caso da produção agropecuária, não é uma novidade. O presidente da Embrapa lembrou que, nos últimos 40, 50 anos, o Brasil saiu de uma situação de dependência de alimentos importados para ser fornecedor.
 “Conseguimos transformar grandes porções de solos pobres em terras produtivas; tropicalizar cultivos, adaptando-os à nossa realidade. Temos uma plataforma única de sustentabilidade temos que dizer isso ao mundo em alto e bom som”, disse Lopes. “Nenhum país fez a agricultura conservacionista crescer como o Brasil.”
O presidente da Embrapa destacou ainda que a evolução da produção agropecuária brasileira levou a conquistas sociais, outro dos pilares da sustentabilidade, como a redução dos preços de alimentos que compõem a cesta básica. “Isso é sustentabilidade, agricultura contribuindo com o pilar social, trazendo diversidade de alimentos e gerar excedentes para ajudar o país a fazer poupança.” 
Desafios

Mesmo ressaltando as conquistas, o presidente da Embrapa não deixou de mencionar os desafios que o setor terá pela frente no que diz respeito à sustentabilidade. Entre eles, a adequação ao novo código florestal, combate ao desperdício, além do desenvolvimento tecnológico.
“A população no campo está cada vez mais rarefeita. Vamos ter que caminhar na direção da automação e, assim, atrair uma geração de jovens para o trabalho no campo. O trabalho menos penoso é fundamental para a sustentabilidade”, disse.
"O futuro é insumo crítico e vai recompensar quem estiver disposo a aprender" (Maurício Lopes, presidente da Embrapa)

Lopes mencionou ainda a necessidade de associar a qualidade da produção agropecuária à saúde e à nutrição. “O setor será pressionado a prover alimentos com mais qualidade nutricional.”
O presidente da Embrapa defendeu ainda a importância das políticas públicas para superar os desafios do setor no futuro. E a necessidade de aprimorar sistemas de informação e inteligência voltados ao agronegócio, com o objetivo de entender os mercados e antecipar tendências.
“A complexidade vai marcar o futuro do agronegócio e isso vai exigir acesso a conhecimento, aprimorar essa base de conhecimento e cooperação entre instituições.”


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