Estadão Conteúdo / Mariana Durão
Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria
(CNI) com uma centena de empresas de grande e médio porte revela que a atenção
dada pela indústria nacional aos efeitos das mudanças climáticas teve um salto
nos últimos cinco anos, mas ainda é limitada.
Para 75% dos entrevistados a preocupação com o tema
cresceu neste período.
Seis em cada dez respondentes afirmam que o grau de
atenção dispensado às mudanças do clima é médio (45%) ou alto (16%), mas 36%
ainda o avaliam como baixo ou muito baixo.
O aumento da visibilidade do assunto entre as
empresas foi impulsionado, especialmente, pela maior conscientização (46,7%), a
pressão global (18,7%), uma maior disseminação das informações sobre o assunto
(17,3%) e a necessidade de adequação às leis e normas ambientais (13,3%).
Nos últimos dois anos 61% das médias e grandes
empresas ampliaram investimentos na área ambiental. O mesmo porcentual pretende
elevar os investimentos em sustentabilidade no próximo biênio.
Um total de 66% das empresas da amostra já adotaram
ações para reduzir suas emissões de CO2 - no caso das grandes empresas o
porcentual é ainda mais elevado (74%).
O impacto das mudanças climáticas sobre o negócio
da companhia é levado em conta por 61% dos executivos ouvidos.
A pesquisa foi realizada pelo Instituto FSB
Pesquisa entre os dias 11 de junho e 6 de julho, com representantes - diretores
e gerentes de Meio Ambiente - de cem empresas de 15 setores industriais:
automotivo; cal; cimento; construção civil; mineração; papel e celulose; petróleo
e gás; químico; têxtil; vidro; alumínio; carvão; energia; siderurgia; e
sucroalcooleiro.
Entre os principais desafios apontados para o
investimento em práticas sustentáveis, a falta de incentivos governamentais
aparece em primeiro lugar, com 56%.
Na sequência, estão o aumento de custos da empresa
(39%) e a legislação inadequada no Brasil (25%).
O mercado de carbono, porém, ainda é uma realidade
distante da indústria nacional.
Os números mostram que 54% dos pesquisados afirmam
estar informados ou muito bem informados sobre este mercado e, ainda, que 71,6%
acreditam que a compra e venda de créditos de carbono em um mercado regulado no
Brasil representaria uma boa oportunidade de negócio.
No entanto, só 7% das empresas negociam créditos de
carbono em mercados voluntários existentes no país.
Sustentabilidade
A pesquisa da CNI também mostra que seis em cada 10
empresas participantes avaliam como oportunidade de negócios a implantação de
práticas ambientalmente sustentáveis.
Na avaliação de 45% dos gestores que responderam ao
questionário, a oportunidade gerada pelo investimento é maior que o aumento de
custos.
Os números mostram também que três quartos das
empresas (74) consideram que práticas de sustentabilidade impactam a
competitividade do negócio.
De acordo com 66% dos entrevistados, o grau de
engajamento de suas empresas em ações e práticas de sustentabilidade ambiental
é alto ou muito alto.
As vantagens de desenvolver projetos nesta área,
conforme as respostas, são para a reputação/imagem da empresa, melhora de
inserção no mercado e sustentabilidade dos negócios.
Outro dado que chama a atenção é que 79% das médias
e grandes companhias pesquisadas monitoram as práticas de sustentabilidade
utilizando indicadores. Outras 67% têm metas para ações ambientais.
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